sexta-feira, 27 de maio de 2011

Novo Código Florestal é negativo para imagem do Brasil no exterior

Agência Pulsar
Meio ambiente | Nota publicada em 25/05/2011 - 13:33 h.

CÓDIGO FLORESTAL - INTERNACIONAL


A aprovação do novo Código Florestal ontem (24/05) representou vitória dos ruralistas e aponta para o crescimento de problemas ambientais. O tema não é de preocupação exclusiva dos brasileiros.

A decisão foi por ampla maioria - 410 a 63 e uma abstenção - e foi sentida como um duro golpe aos interesses de pequenos agricultores e ambientalistas. Em três manifestos, mais de 200 entidades brasileiras e 44 estrangeiras, além de centenas de pessoas, pediram aos seus porta-vozes políticos que reprovassem a flexibilização do Código. Mas não adiantou.

Ainda há chances de mudar o resultado já que o relatório e as emendas aprovadas agora passam por apreciação do Senado e depois voltam ao plenário da Câmara. A expectativa é de que a presidenta Dilma Rousseff vete medidas como a anistia para os desmatadores, caso os senadores não consigam mudar o texto.

Organizações como a Via Campesina têm alertado que as modificações propostas pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) podem inviabilizar a agricultura familiar, que produz a maior parte dos alimentos que consumimos. Isso porque deve crescer os processos de erosão, problemas de falta d´água e perda de fertilidade dos solos, entre outros.

Além disso, segundo Maureen Santos, especialista em relações internacionais da Fase, a aprovação de retrocessos na legislação de proteção ambiental traz prejuízos à imagem internacional do Brasil e às negociações para diminuir o ritmo das mudanças climáticas.

Maureen lembrou que o Brasil sempre tentou mostrar uma imagem progressista por ter implementado a Política Nacional de Mudanças Climáticas. Ela recorda, por exemplo, o compromisso assumido pelo ex-presidente Lula na Cúpula do Clima de Copenhagen de reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020.

A simples expectativa de aprovação pela Câmara já mostrou o aumento dos índices de desmatamento, apontando o fato de que o novo Código Florestal vai representar retrocessos no setor.

A imagem do Brasil frente a países como a Noruega, por exemplo, pode ficar abalada. O país europeu fez doações ao Fundo Amazônia acreditando no discurso e na prática de preservação apresentado pelo país.

Maureen não acredita em maiores problemas em relação à Cúpula que vai ocorrer no Brasil ano que vem, a Rio+20 porque não é intenção dos países fazer um balanço dos últimos 20 anos de discussões sobre questão climática. No entanto, a pesquisadora da Fase defende que a sociedade faça o debate sobre a pequena evolução das negociações internacionais sobre o clima e pressione para que os países tenham legislações nacionais fortes. (pulsar)

ld
25/05/2011

Audios disponíveis na página da Agência Pulsar (clique aqui)

Maureen Santos, especialista em relações internacionais da Fase, fala sobre a lei brasileira que assume a redução do desmatamento até 2020.
31 seg. (247 KB) arquivo mp3

Maureen Santos, especialista em relações internacionais da Fase, comenta a visão do Brasil no exterior em relação aos compromissos com o clima.
27 seg. (211 KB) arquivo mp3

Maureen Santos, especialista em relações internacionais da Fase, fala sobre os impactos da aprovação do Código em relação aos recursos enviados por outros países.
22 seg. (178 KB) arquivo mp3

Maureen Santos, especialista em relações internacionais da Fase, fala sobre os imapctos da aprovação do Código para a Cúpula Rio+20
44 seg. (344 KB) arquivo mp3

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Privatização da água por corporações é criticada por movimento social

Radioagência NP

Um mercado mundial de compra e venda de água, baseado no sistema da bolsa de mercadorias. Essa é a proposta do presidente da Nestlé, Peter Brabeck, para ajudar a resolver o problema de carência de água, que segundo ele, deve acabar antes mesmo do petróleo.

Para o coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Gilberto Cervinski, essa declaração mostra que a Nestlé e outras transnacionais querem avançar no processo de privatização da água.

“Primeiro busca-se criar um clima de escassez de água, que tem um discurso ideológico por trás disso, que é pra tentar determinar um preço internacional pra água. E a partir disso, desencadeia todo um processo de privatização da água”.

A declaração do presidente da Nestlé foi dada antes de uma audiência para pesquisadores, na cidade de Genebra, na Suíça. O modelo em que se baseia essa proposta de comércio de água é o das commodities, utilizado para gêneros agrícolas e minérios. Nesse sistema, a produção se dá em larga escala e o comércio é em nível mundial. Os produtos são negociados em bolsas de mercadorias internacionais, que é onde se define o preço de cada item.

O interesse das corporações do ramo de alimentos em controlar a água é fundamental para o controle de preços de seus produtos e de seus lucros, como comenta o coordenador do MAB.

“Essas grandes corporações, entre elas a Nestlé, atuam como um monopólio privado internacional e que elas têm o objetivo principal de controlar o processo produtivo dos alimentos líquidos”.

De São Paulo, da Radioagência NP, com informações de Vivian Fernandes, Danilo Augusto.

24/05/11